Ciclo de financiamento de uma startup
Achei a imagem ao lado na Wikipedia. Já conversei muito sobre sobre o ciclo de vida de uma startup. Do investidor-anjo ou do seed capital até o IPO. Infelizmente a imagem ao lado é uma realidade americana e não brasileira. Ela pode ser aplicada a poucas startups nacionais.
Ainda não temos um mercado nacional maduro. Falo isso tanto do lado dos empreendedores e suas startups como no lado dos investidores. Este é um mercado nascente no Brasil. E como em todo mercado nascente existem os oportunistas. E como se faz para diferenciar os verdadeiros empreendedores e investidores dos oportunistas? Bem, se eu soubesse a resposta venderia a preço de ouro. O mais comum é alguém, de um lado ou de outro, acabar queimando parte do ecossistema. Por um lado é bom, pois o ecossistema acaba por se depurar. Por outro é ruim, pois a imagem de um grupo acaba arranhada pela falha de alguns poucos.
Voltando à imagem uma coisa que ocorre muito aqui no Brasil é uma startup com muito potencial acabar no Vale da Morte. Normalmente a ajuda dos investidores-anjos ou seed capitals é fundamental nesta etapa. O problema é como conseguir convencer que a sua startup é melhor que os outros 400 planos de negócios que o investidor recebeu no último mês. Outro ponto que vale a pena ser ressaltado é que muitas vezes o empreendedor quer ganhar dinheiro no curto prazo e acaba saindo do empreendimento logo na primeira oportunidade de venda. O ideal é que se consiga acompanhar um ou dois estágios (Early Stage ou Later Stage). São nestes estágios que o dinheiro realmente começa a aparecer.
Se o IPO é uma realidade distante então quais são as outras opções para finalizar o ciclo de investimento do ponto-de-vita do empreendedor? As estratégias de saída mais comuns aqui no Brasil são as fusões ou as aquisições por outras empresas. E isso dificilmente acontece na fase de capital anjo ou de capital semente. O ideal (best case scenario) é quando o empreendedor consegue um investidor-anjo para fazer com que a empresa saia do papel e consiga chegar ao ponto de equilíbrio. A partir deste momento o investidor-anjo vende a sua parte para uma empresa de Venture Capital e sai do negócio com o seu investimento já retornado. O empreendedor continua com a participação na empresa original e o Venture Capital é responsável por fazer com que o negócio cresça e ganhe volume. A partir deste ponto começa a ser interessante para o empreendedor a se desligar da empresa já que como eu disse acima o IPO é uma realidade distante. O ciclo da idéia inicial até a saída da empresa pode durar de 3 a 7 anos em média.
Neste ponto eu gostaria de fazer um parênteses e falar um pouco sobre o Vale da Morte. Boa parte das startups não sucedem, pois são apenas boas idéias. E o papel aceita tudo. A minha sugestão neste caso é para que o empreendedor faça o bootstrapping, que nada mais é que fazer um modelo funcional da sua idéia. Conhecido também como Beta. Com um Beta funcional fica muita mais viável conseguir um investidor, pois isso exige que você gaste do seu próprio bolso antes de conseguir o investimento. Isso mostra para o investidor o seu comprometimento com a idéia. Esta é a melhor maneira de escapar do Vale da Morte. E vale mais que qualquer plano de negócios.
Em todos os projetos que eu me envolvo eu sempre apresento a idéia em funcionamento para depois mostrar o plano de negócios. O plano de negócios serve apenas como complemento. Serve para mostrar que você tem algo planejado. Isso é importante para mostrar ao investidor que você possui as características necessárias para conduzir o negócio. Esta é uma parte importantíssima da equação. Se você não tem as características necessárias, por melhor que seja a sua idéia, dificilmente você conseguirá um investidor.
Em resumo é isso:
- Faça o Bootstrapping
- Procure um bom parceiro-investidor para te ajudar a se livrar do vale da morte
- Resista à tentação de vender a sua parte na primeira rodada de investimentos
Be wise.
Excelente post Fernando! Achei muito interessante e confesso que fiquei curioso a respeito do processo de criação do bootstrapping. Acho que esteja aí o pulo do gato para fazer uma ideia virar um negócio!
Você poderia escrever mais sobre isso nos próximos posts! Assinei o feed.
Grande abraço,
Thiago