Como faturar 20,7 trilhões por cento em 15 anos

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O Brasil sempre nos orgulha com a primeira colocação em algum ranking. Estes dias eu vi um filme que tratava sobre a época da inflação de 80% ao mês. Quem nasceu da metade da década de 80 para frente não sabe do que eu estou falando. Eu mesmo lembro muito pouco das outras moedas. Vi um documentário chamado Laboratório Brasil que está disponível no site da Câmara dos Deputados. Sabe o que este número representa? Enquanto a Coréia do Sul na mesma época investia em educação de qualidade para a população, uma inflação de 20,7 trilhões por cento deixou os ricos ainda mais ricos e os pobres ainda mais pobres. O único lugar que eu lembro de ter ocorrido uma tragédia assim foi na Rússia pós muro de Berlim, onde os políticos do partido comunista ficaram donos de todo o espólio do estado. Reproduzo aqui a descrição do documentário:

O documentário Laboratório Brasil aborda um tema desconhecido pela nova geração de brasileiros: como é viver com inflação e a complicada série de tentativas de acabar com ela nas décadas de 80 e 90. A produção, dirigida por Roberto Stefanelli, ouviu pessoas que tiveram papel de destaque no cenário da hiperinflação, que chegou a mais de 80% ao mês no final do governo de José Sarney, além de observadores privilegiados daquela situação. Gente como Bresser Pereira, Gustavo Franco, Fernando Henrique Cardoso, Antonio Pallocci, Carlos Alberto Sardenberg, Paulo Nogueira Baptista, Fernando de Holanda Barbosa, Bernard Appy, Vicentinho e Pedro Malan. O documentário mostra ainda cartuns de Chico Caruso e pronunciamentos feitos na época por José Sarney, Fernando Collor, Zélia Cardoso e Maílson da Nóbrega, entre outros. Laboratório Brasil tem duração de 58 minutos e analisa os acontecimentos econômicos dos anos 1980, principalmente as medidas que resultaram na adoção de uma nova moeda, o cruzado, em 1986, quando o governo Sarney decretou também o congelamento de preços e salários. “Era o primeiro governo civil depois da longa ditadura militar. Os brasileiros imaginavam que iríamos festejar dias melhores. Como vemos hoje, havia uma longa e tortuosa estrada pela frente, com inflação galopante e moedas como cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro novo, cruzeiro (de novo), URV e Real”, afirma Steffanelli. Neste período, lembra o jornalista e cineasta, o Brasil bateu todos os recordes de inflação em todo o mundo, superando até mesmo a Alemanha, que passou por duas guerras mundiais. O documentário mostra a situação dos brasileiros que eram obrigados a sair correndo para o supermercado momentos depois de receber o salário, numa luta contra a remarcação imediata dos preços. Stefanelli aponta o caráter instrutivo da produção. “Se não conhecemos bem a nossa história, corremos o risco de repetir erros. Hoje, os governantes têm medo de estourar os gastos públicos e provocar a volta da inflação”, conclui. Roberto Stefanelli já dirigiu cinco documentários e ganhou, em 2004, o prêmio jornalístico Wladimir Herzog de Direitos Humanos, concedido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo, com o documentário Florestan Fernandes, o Mestre, que teve a direção de edição feita por Joelson Maia.

Você pode baixar este documentário gratuitamente direto no site da Câmara dos Deputados. O Plano Real foi idealizado por economistas formados e/ou funcionários da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), a saber Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan e Edmar Bacha, que devido às medidas amargas do plano, ficaram conhecidos pela alcunha de “filhos da PUC”. São estas pessoas que você deve agradecer a cada noite antes de ir deitar. O que eles tem em comum? Todos estudaram em universidades de primeira linha e nenhum seguiu carreira política. Be wise.

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