Entrando numa fria maior ainda
O Goitacá está fazendo uma promoção onde se deve contar os piores erros cometidos em viagens. Eu resolvi aderir à promoção, quem sabe eu ganho alguma coisa. Se não ganhar pelo menos conto uma estória divertida para você. 😉
A estória que eu vou contar é verídica e nenhum animal foi ferido durante ela (ok, eu passei um pouco de frio, mas foi só). Fui fazer intercâmbio no Canadá quando estava na faculdade. Era a minha primeira viagem internacional de verdade (Paraguai não conta!). Lá estava eu no aeroporto de Curitiba rumo a Winnipeg, para muitos conhecida também com Winterpeg (mais tarde acabei descobrindo o porque do trocadilho). Enfim, estava eu fazendo o check-in no aeroporto e a atendente começou a me dar algumas instruções. Dentre elas uma que eu fiquei meio preocupado no começo, mas depois até achei bom. Ela me disse que a cia aérea iria despachar as minhas bagagens diretamente para Winnipeg. Que não era para eu me preocupar com elas na alfândega. Como bom marinheiro de primeira viagem eu acreditei nela. E lá fui eu embarcar para o meu ano de estudos no Canadá.
O avião saiu pontualmente no horário marcado (sim, isso já ocorreu em um passado distante no Brasil) e fui rumo a Winnipeg com escalas em Nova Iorque e Toronto. Ah, esqueci de contar que tinha comprado uma passagem na classe econômica, mas como não havia vaga me realocaram na classe executiva. E lá fui eu feliz e confortavelmente instalado na executiva. O avião estava cheio de brasileiros e em uma das minhas andanças pelo avião cruzei com uma garota (sempre elas) que coincidentemente tinha saído de Curitiba. Começamos a conversar e perguntei onde ela estava. Ela apontou pra a classe econômica. Aí como eu estava disposto a “desempenhar” fui até a econômica e sugeri que a pessoa que estava do lado dela fosse para a executiva. Claro que ela topou na hora. E lá fui eu tentando “finalizar a menina” no vôo todo. Nada de eu me “dar bem”. Quando pousamos em Nova Iorque grande parte dos passageiros desembarcou e nós ficamos no avião. Outros passageiros embarcaram e no lugar que eu estava veio um negão muito mau encarado com uma camisa do New York Knicks (com certeza o cara morava no Harlen ou no Bronx) e começou a me xingar porque eu estava no lugar dele. Como meu inglês era horrível na época eu não consegui fazer com que o cara fosse ficar na executiva. Morreu aí minha chance de ficar com a menina.
Eu já estava puto e pensando que nada pior poderia acontecer. Foi aí que desembarcamos em Toronto. Todo mundo estava apreensivo para passar pela alfândega, inclusive eu. Reparei que todo mundo estava carregando as suas bagagens, menos eu. Neste momento eu pensei: “Que bando de otários. Porque não despacharam as bagagens até o destino final como eu? Enfim, como diria o grande Bezerra da Silva, malandro é malandro e mané é mané!” E lá fui eu para a fila da alfândega. Quando eu estava na fila reparei lá ao fundo na esteira de bagagens que tinha sobrado duas malas que ninguém havia pegado, inclusive uma delas estava com uma fita azul muito parecida com a que eu tinha colocado na minha mala. Pensei novamente: “Quem será o imbecil que viaja para o exterior e esquece as malas na alfândega. Este tipo de gente merece se ferrar.”
E lá fui passar pela alfândega. Passaporte carimbado e eu estava oficialmente no Canadá. Agora o bicho ia pegar, pois não tinha mais ninguém para me dar informações em português. Levei uns 40 minutos para conseguir descobrir em qual terminal eu deveria pegar o vôo para Winnipeg pela AirCanada. Finalmente consegui embarcar no avião. Lembro que a aeromoça veio gentilmente oferecer o serviço de bordo. Ela falou um monte de coisas das quais as únicas que eu entendi foram chicken or meat. Mandei um chicken e aí ela me falou mais algumas coisas. E eu em uma tentativa arriscada de adivinhar o que ela tinha me perguntado respondi Coke. Então após alguns minutos chegou o meu almoço. Um prato delicioso com um peito de frango assado e uma coca-cola. Neste momento eu pensei: “O pior já passou. Estou me dando bem. Agora é só alegria.”
Finalmente o avião chega em Winnipeg. A temperatura absoluta naquele momento era de -36 graus Celsius. Levando-se em conta que eu tinha saído de Curitiba com +30 graus você pode imaginar como eu estava totalmente preparado para o frio. E lá fui eu buscar as minhas bagagens na esteira do aeroporto de Winnipeg. Como você leitor deduziu nos parágrafos anteriores é ÓBEVEO que as minhas malas não estavam lá. Foi nesse momento que eu me dei conta que o imbecil que tinha esquecido as malas na esteira em Toronto antes da alfândega era EU. O desespero começou a bater. Lá estava eu em um país onde eu não dominava a língua, sem as minhas roupas e sem saber como eu iria fazer para chegar na universidade que eu iria me hospedar. O aeroporto já estava vazio naquele momento, pois eu acho que o vôo que eu peguei era o último do dia. Tentei explicar no balcão da cia aérea o que tinha acontecido. É claro que eles não entenderam nada, pois eles não falavam português. E olhe que eu me esforcei um monte. Falava bem devagarzinho. 😀 Foi quando veio uma menina na minha direção e me perguntou em português: “Você é o Fernando?” Acho que foi Deus que mandou a menina. Ela estudava na mesma universidade que eu ia estudar e aí pediram para ela ir me buscar, pois eu não tinha dado sinal de vida. Ela então explicou a situação para o pessoal da AirCanada e minhas malas foram devolvidas depois de uns 3 dias. Claro que por 3 dias eu passei com a mesma roupa. Consegui só arranjar umas cuecas doadas pelo pessoal da residência estudantil que eu fiquei hospedado.
Vocês pensam que esta estória se estanca por aqui? hehehe. Na verdade sim, Mas queria deixar um bônus. Lá vai. Como eu nunca tinha morado longe da mamãe, lavar roupa era uma coisa que eu não tinha a mínima idéia de como funcionava. Depois que eu voltei ao Brasil descobri um cômodo perdido na minha casa. A tal da lavanderia. 😛 Enfim, voltando à estória, eu simplesmente usava as roupas e ia empilhando em um monte no meu quarto. Como você deve imaginar chegou um momento onde eu tinha usado todas as minhas roupas. Neste momento eu tinha 2 opções: comprar mais roupas ou enfrentar a famigerada máquina de lavar. Como a verba era restrita acabei por optar pela segunda opção. E lá fui eu com a minha amiga Sandra (aquela que foi me buscar no aeroporto) para a lavanderia. Ela me deu toda a explicação como, por exemplo, não misturar roupas brancas com as coloridas. Me mostrou como funcionava a máquina de lavar e onde eu deveria colocar os 75 centavos para que a máquina funcionasse. Feito isso ela foi para a sala de televisão e eu fiquei entretido nos procedimentos que acabara de aprender. Após terminar os procedimentos eu fui para a sala de televisão e ao encontrar a Sandra ela me fez a seguinte indagação: “Fernando, eu reparei que você não tinha uma caixa de sabão em pó. Como você fez para colocar o sabão, hein?” Eu prontamente respondi: “Que sabão? Precisa disso? Isso não está já incluso nos 75 centavos que eu coloquei na máquina?” Mais uma vez a obviedade cruza o meu caminho. Era claro que eu estava lavando roupa sem usar sabão. Aí caímos na gargalhada e ela me disse que os 75 centavos eram só para a máquina funcionar.
Isso tudo ocorreu somente no primeiro mês. Você já deve imaginar a quantidade de “aventuras” que eu tenho guardada para contar sobre as minhas viagens, mas isso eu vou deixar para outro concurso que o Goitacá fizer.
Be wise.
e voce pego ela ?
rsrs
gostei desse blog porque quero gnhar meu primeiro milhao!
Ola Fernando! Sua história tb é mto boa!! Gostei! Quer dizer que vc *ensina* como ganhar o primeiro milhão? Vc já ganhou o seu?? Quero saber como, vou ler mais, quem sabe não ganho???rsss
Filipe,
Não consegui não, graças ao meu amigo americano hehehe 🙁
Roberta,
Se eu soubesse a receita eu juro que cobrava bem baratinho para ensinar. Por enquanto este blog serve somente para deixar idéias no ar. Ainda não ganhei nada, mas a vida é um longo caminho a ser trilhado.. (profundo não? hehehe) E tem outra.. Eu nunca disse que era um milhão de reais. Pode ser um milhão de amigos, um milhão de posts, etc… 😉
kkkk é verdade! 🙂 então acho que vc tá chegando lá! Abs… Roberta
kkk legal! é verdade! então acho que vc já está chegando lá! Abs 🙂