Características do empreendedor de sucesso

Hoje eu fui assistir a uma palestra no Sebrae cujo tema era o título acima. O palestrante se chamava Adilson Santos e em sua apresentação ele abordou pontos interessantes que me fizeram pensar. A palestra demorou um pouco para deslanchar, pois o início foi repleto de estatísticas para situar um pouco sobre a situação das empresas no Brasil.

Um ponto que me chamou a atenção foi quando ele tocou no tema das relações de trabalho. Realmente as relações mudaram muito e aquilo que estávamos acostumados a ter acabou. Segurança é coisa que não existe mais em nenhum emprego. E eu me pergunto se algum dia ela existiu? Depender dos outros não é e nunca foi meu ideal de segurança, mas enfim é assim que muita gente vê o mundo ainda hoje.

Em outra parte da palestra foi citado alguns dados sobre o grau de empreendedorismo no Brasil. Vou deixar os números de lado um pouco e tentar analisar as causas deste elevado grau de empreendedorismo no país. Eu penso que isso está mais relacionado com a alta taxa de desemprego do que propriamente com a vocação do brasileiro para empreender. Empreender por necessidade é algo muito perigoso, pois na maior parte das vezes as pessoas não possuem um perfil necessário para tocar uma empresa. Aí que mora o perigo. O reflexo disso é a alta taxa de mortalidade das empresas. Uma piadinha que o Adilson fez e que eu achei muito legal foi a seguinte. Ele disse que a pessoa que troca um emprego normal pelo risco de abrir o próprio negócio deve desistir de três números: 8,13 e 30. Esqueça os bons tempos em que você trabalhava 8 horas por dia. 13° salário nunca mais e 30 dias de férias nem pensar. E isso é só o começo de uma vida de renúncias que você tem que estar disposto a fazer se quiser se tornar um empresário bem sucedido.

Mas voltando à palestra, do meio para o final ela começou a ficar muito interessante, pois foram abordadas as características que formam a personalidade de um empreendedor. E era isso que me interessava. São 10 características principais que foram estabelecidas em um estudo feito na década de 80.

1. Estabelecimento de metas. Aqui está um dos principais diferenciais entre as pessoas que obtém o que desejam. Não adianta sonhar se você não consegue estabelecer, quantificar e verificar o resultado dos seus sonhos. Uma das faíscas que move o empreendedor é que ele tem a necessidade de realização. Tem a necessidade de transformar seu sonho em realidade. Este desejo faz parte do perfil das pessoas que gostam de lidar com os desafios. O que me move nesta vida é o desafio puro e simples. É tentar realizar o que muitos pensam não ser possível. Dinheiro é conseqüência disso, mas vou voltar a abordar isso mais para frente.

2. Planejamento e acompanhamento de metas. Acho que já falei sobre isto aqui no blog, não? 😉

3. Busca de informações. Informação é poder. Não é possível tomar nenhuma decisão relevante com base no achismo. Lembro de uma estatística sobre time sharing que dizia que de cada 20 cafés da manhã era executada uma venda. No Brasil não nos preocupamos em ter estatísticas para poder embasar nossas decisões. Nos EUA nada é feito sem ter conhecimento das estatísticas. Este é um ponto crucial que nos diferencia e nos deixa para trás quando comparamos estes dois países.

4. Busca de oportunidades e iniciativas. Gosto de chamar isso de senso de oportunidade. Esta é outra qualidade que não creio ser possível “ensinar”. É algo inerente de cada um. Também já falei sobre isso aqui no blog. Por um acaso este é um dos meus posts preferidos. Onde muitos vêem um problema, o empreendedor vê uma oportunidade. Aqui vou fazer um parênteses e contar a situação que ocorreu lá na palestra. O palestrante perguntou qual era a primeira pergunta que um empreendedor faz quando se depara com um problema. Uma moça levantou a mão e respondeu: “Como eu posso ganhar dinheiro com isso?”. Eu tive que discordar dela. Eu penso que o dinheiro é uma conseqüência de algo bem feito. Eu nunca trabalhei pelo dinheiro (acho que é por isso que eu ainda não ganhei o que eu almejo, mas enfim). Eu sempre trabalhei para resolver algum problema (pensamento de engenheiro eu sei 🙂 ), o dinheiro sempre foi a recompensa pelo objetivo conquistado. Se você pensa como a moça acima sinto em te informar, mas é bem provável que você tenha mais o perfil de um empregado do que de um empreendedor. O empreendedor está no jogo pelo desafio; pelo risco; pela emoção. Se você está nisso só pela grana pode esquecer. Suas chances de sucesso são pequenas. Acho que a pergunta correta seria algo como: “Qual a melhor maneira de resolver este problema que eu acabei de identificar?”

5. Persistência. Já contei que eu fali uma vez? Acho que sim. Procure lá nas perguntas freqüentes que você vai achar. A falência faz parte do jogo. Mais cedo ou mais tarde você acaba por errar. Perfeição não existe. Aceitar a falência é algo muito difícil, pois ela é sinônimo da sua incompetência na tomada de decisão. Em última análise você é o culpado pelo que ocorre com a sua empresa. O que faz a diferença é saber lidar com a derrota, aprender com os erros e começar todo o processo novamente. Aí entra a persistência.

6. Comprometimento. É a piadinha dos 8, 13 e 30. Você deixa de ter tempo livre para respirar 24 horas a sua empresa. Não existe mais sábado, domingo e feriados. A prioridade é atingir os objetivos que você traçou quando decidiu abrir a empresa.

7. Exigência de qualidade e eficiência. Também conhecida como inovação. Na verdade é isto que move o mundo. Inovar. Fazer algo de uma forma diferente e com mais eficiência do que era feito antes.

8. Correr riscos calculados. Aqui eu tenho que discordar totalmente. Quem corre risco calculado são aquelas pessoas que não estão dispostas a inovar. Eu prefiro não correr risco algum do que correr um risco calculado. Inovar e empreender são sinônimos de alto risco. Ou você acha que um cara como este do vídeo correu riscos calculados? Uma pena o vídeo estar em inglês, mas para quem tem o domínio do idioma vale a pena assistir. Eu estou nesse jogo é pelo maior prêmio. Se eu vou conseguir ou não é outra questão, mas uma coisa eu te digo. Eu corro riscos gigantescos. Este é o preço da inovação. Agora correr grandes riscos não é sinônimo de ser louco ou aventureiro. Eu tento minimizar ao máximo estes riscos. Nem sempre isso é possível.

9. Persuasão e rede de contatos. Persuasão pode ser facilmente confundida com prepotência. A linha é tênue. Eu tento ao máximo ser persuasivo, afinal a minha idéia é sempre a melhor e mais viável. 😛 Mas ter argumentos fortes as vezes não é suficiente se você não está falando com a pessoa correta. De que adianta convencer alguém que não tem poder decisório? Tão importante quando os argumentos que você usa é para quem você fala. A rede de contatos é uma das principais ferramentas que uma pessoa pode ter. Este tipo de ferramenta tem que ser usada com responsabilidade, pois basta apenas um deslize para que você perca toda a sua credibilidade e a sua rede de contatos fique abalada.

10. Independência e autoconfiança. Quando eu penso o que me levou a empreender meu próprio negócio a primeira palavra que me vem à cabeça é liberdade. Eu nunca gostei de ter que cumprir um horário definido. Lembro que quando trabalhava para o meu pai às vezes ficava horas sem fazer nada e mesmo assim era remunerado por isso. Sempre fui adepto da meritocracia e da remuneração por produtividade e não por tempo. Afinal se eu posso realizar algo em 3 horas ao invés de 8 porque devo ficar disponível pelas 5 horas restantes? Esta liberdade de fazer meu próprio horário é que me faz seguir adiante. Eu adoro começar a trabalhar às 10 da manhã e seguir trabalhando até as 10 da noite. Não vejo problema algum nisso. Adoro trabalhar aos domingos e poder folgar em uma quarta-feira. Enfim, esta liberdade de horários é que me fascina. Sobre autoconfiança gosto muito da frase dita pelo Robert Sternberg que diz que: “O empreendedor tem muita confiança para executar suas idéias quando ninguém está ainda acreditando nelas.”

11. Adaptabilidade. Quero adicionar mais um item que não foi citado na palestra, mas que eu julgo ser uma das principais qualidades do empreendedor. É a adaptabilidade. Sem ela nada é possível. Você pode não se dar conta, mas esta é uma das principais qualidades do ser humano. Somos extremamente adaptáveis. Claro que os empreendedores são muito mais que a média das pessoas, mas isso sim é algo que pode ser aprendido. Na verdade a vida se encarrega de desenvolver esta qualidade em nós. Quantas vezes eu tive que mudar de rumo, ou porque a situação pedia ou porque era mais interessante? A palavra mudança sempre gera muito medo e o medo faz parte do jogo. É importante controlar o medo e seguir em frente. Outro fator que impede as pessoas de evoluir são as zonas de conforto. Já falei sobre isso antes e acho interessante repetir. Só conseguimos atingir nossos objetivos quando criamos as zonas de desconforto. Isso faz com que se busque um objetivo mais rapidamente.

Eu achei a palestra extremamente produtiva. Tanto é que eu fiz questão de dividir estas informações com você. Espero que este artigo tenha sido interessante e que eu tenha conseguido passar um pouco do que eu tive a oportunidade de escutar neste encontro do Sebrae. Infelizmente, por motivos profissionais, não consegui participar mais ativamente das semana da pequena empresa promovida pelo Sebrae PR, mas este tipo de iniciativa é sempre muito bem-vinda.

Be wise.

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